As mãos entrelaçadas,
os olhos fechados,
em um banco reservado.
O sol entrava pela janela
tocando a pele do meu rosto.
O que tornava ainda mais difícil abrir os olhos.
Era uma manhã de quinta-feira,
E ele estava nascendo.
Escutava-se somente o som das ruas esburacadas
e das portas abrindo e fechando
Conforme entravam os, para mim, indigentes.
Sentia à minha volta o calor de seus corpos quentes.
Quentes e cansados…
Olhos roxos recém despertados.
Aproximando-se uns dos outros
procurando espaço.
Apenas seguindo uma rotina.
Todos observam o mundo fora daquele aperto.
Aquele vidro riscado…
é só o que os separa de alguma diversão.
O olhar perdido (sabe-se lá no que pensando),
Não demonstra nenhuma emoção.
Estivessem sonhando, talvez,
com um lugar distante,
uma pessoa querida…
Algo que não lhes indicasse uma vida perdida.
“Serei eu bem-sucedida?”
“Serei eu alguém na vida?”
Pensamentos inevitáveis, não?
Porém, mais inevitável ainda
Só o cotidiano de um cidadão.
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