Brincadeira dos Deuses

Tudo começou com uma gravidez. Terceiro bebê, segunda menina. E para eles, já seria o bastante.

Das primeiras vezes, os nomes escolhidos apareceram de formas inesperadas, porém servindo como uma luva. Era um mistério como tudo acontecia. Mas a verdade é que cada filho escolhera o próprio nome, e já era de se esperar que na terceira vez não fosse diferente.

O pai, Carlos, não contava todos os detalhes. Mas a cada gravidez ele sonhava com o nome que escolheria para o filho. Talvez não explicasse muito bem a história porque o único detalhe do qual se lembrava depois, era o nome do bebê.

A mãe, Karin, era quem mais se preocupava. Fazia listas e listas com opções de nomes, mas nunca o casal chegava à alguma conclusão. Carlos era de difícil agrado nesse aspecto. Não tinha pressa, afinal, o nome apareceria, uma hora ou outra.

E foi no último dia da gravidez que os dois puderam concordar.

Já era a terceira vez que o pai sonhara com o nome. Estava convencido da idéia e decidiu mostrar para a esposa. Procurou o nome nos seus muitos livros sobre a Índia. Lila. Nome Sânscrito para definição de Brincadeira dos Deuses. A flor lilás, em Alemão, descendência materna da família. Não há quem negue a suavidade desse nome.

E foi tal simplicidade e beleza no significado que fizeram a mãe se apaixonar.

E na tarde do dia seguinte a criança nasceu. Mais um motivo de felicidade na família. Mais um nome, e que serviu como uma luva.